No ano seguinte, em 1933 houve a composição da primeira diretoria da subseção, na qual elegeu o dr. Brenno Pinheiro Machado Ribas como presidente. Este momento histórico da Ordem em Bauru foi registrado em Ata da Primeira Eleição, regida e assinada pelo advogado dr. Bernardo Antonio de Souza:
“Aos vinte e seis dias do mês de março do ano de mil novecentos e trinta e três no edifício do Fórum desta cidade, às dez horas da manhã, (…) pelo juiz foi declarado que se iniciasse os trabalhos para a eleição da directoria da 21ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil e determinou ao secretário que procedesse as chamadas dos advogados inscritos…”
Ata da Primeira Eleição, 1933
1ª Diretoria
Presidente: Brenno Pinheiro Machado Ribas
Vice-Presidente: Aristides Pereira de Campos
1º Secretário: Cussy de Almeida Júnior
2º Secretário: Jayme Laurenciano
Tesoureiro: Hugo Celidonio Gomes dos Reis
Desde sua fundação, as reuniões e atividades que envolviam os processos administrativos da 21ª subseção eram realizadas em uma sala anexa ao antigo Fórum situado nas esquinas da rua Azarias Leite com a avenida Rodrigues Alves.
Mais tarde, com a inauguração do novo Fórum da comarca, localizado no Jardim Boa Vista, a subseção se instalou em uma sala com maiores dimensões. No entanto, a classe dos advogados ainda sonhava com uma sede própria, dedicada ao atendimento dos advogados e da população.
Durante a primeira gestão de Emilio Viegas Filho o assunto sobre a sede oficial da 21ª subseção se fortalecia, sendo cogitada a aquisição do edifício que sediava o Automóvel Clube de Bauru. Ao longo da gestão de Itamir Crivelli houveram negociações junto ao Poder Público Municipal para a doação de uma área destinada à construção da sede, porém, embora tenha ocorrido a doação de 42 m² próximo ao Fórum, não foi possível finalizar o processo.
Em 1981, foi possível realizar a doação de uma área de 1.375,50 m² localizada no chamado Novo Eixo de Desenvolvimento Urbano da cidade, na Av. Nações Unidas e, sete anos depois, a Casa do Advogado de Bauru foi inaugurada sob a gestão do Dr. Valdomir Mandaliti.
A inauguração da Casa do Advogado foi assim anunciada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 1988:
“Será inaugurada dia 11 a Casa do Advogado de Bauru, antiga reivindicação da classe. O projeto é de autoria do arquiteto Jurandyr Bueno Filho e, além de servir aos advogados da cidade e da região, vai incorporar-se ao patrimônio municipal, sendo mais uma opção para a realização de eventos sociais e culturais. São mais de 1.400 metros quadrados de área construída, distribuídos em dois pavimentos: no piso inferior estão localizados o saguão e uma biblioteca, que será aberta ao público. No andar superior, ficarão instaladas as repartições administrativas.”
O Estado de S. Paulo, 1988
Presidenta
Dra. Márcia Regina Negrisoli Fernandez Polettini
Vice-Presidente
Dr. Adilson Elias de Oliveira Sartorello
Secretária-Geral
Dra. Keity Symonne dos Santos Silva Abreu
Secretária-Adjunto
Dr. Thiago Munaro Garcia
Tesoureira
Dra. Roberta Beatriz Nascimento
Quando a Ordem dos Advogados surgia oficialmente no Estado de São Paulo, em 1932, e paralelamente suas vinte e oito subseções, o cenário político e social brasileiro era de constantes reinvindicações movidas pelo desejo de haver uma Constituição pautada na liberdade democrática.
Os motivos que incentivaram o início dos movimentos da Revolução de 1932 datam de dois anos antes, em 1930, quando a Revolução daquele ano depôs o presidente Washington Luis e impediu a posse do paulista Júlio Prestes, gerando grande revolta nos paulistas quando Getúlio Vargas assumiu a presidência provisória.
Em resposta à Revolução de 1930, houve a Revolução de 1932 que reivindicava uma nova Assembleia Constituinte. O ano de 1932 se caracterizou pelos intensos confrontos armados, considerados um dos maiores movimentos cívicos do Estado de São Paulo, tendo a participação de diversas cidades do interior, dentre elas a cidade de Bauru.
Sabe-se que a Revolução contou com o apoio da imprensa e de jornais que noticiavam os acontecimentos da época. Naquele ano, o jornal Diário Nacional compartilhou informações sobre a organização de Bauru:
“O comício realizado em Bauru atesta eloquentemente o quanto de entusiasmo vai na alma do povo paulista do interior. A recepção feita à caravana marcou época cívica de S. Paulo. Já antes, se realizará um comício organizado por elementos daquela cidade. Tanto um como outro foram concorridíssimos, tendo sido os oradores aplaudidos entusiasticamente por uma multidão incalculável. (…) Bauru já enviou cerca de trezentos voluntários para S. Paulo e terá outros tantos aguardando apenas ordem de embarque…”
Diário Nacional, 1932
A data 9 de julho, início da Revolução de 1932, se tornou símbolo da luta em prol da liberdade democrática e é comemorada ainda hoje. Em 1935, o jornal Correio Paulistano noticiou as comemorações na cidade de Bauru. O então presidente da OAB/ Bauru, dr. Cussy de Almeida Jr., fez os pronunciamentos:
“Comemorou-se ontem, nesta cidade, a data 9 de julho. As festividades comemorativas da guerra paulista tiveram início pela manhã (…). À noite, as 21 horas no Theatro S. Paulo, perante numerosa assistência, realizou-se uma sessão cívica, durante a qual usaram da palavra os srs. Dr. Cussy de Almeida Jr., prof. Durval Guedes Azevedo, prof. José Guedes Azevedo…”
Correio Paulistano, 1935
Sabe-se que Casimiro Pinto Neto, criador do famoso sanduíche Bauru, participou da Revolução de 32 no Batalhão 14 de julho, composto por principalmente estudantes constitucionalistas. O Batalhão formado por universitários, recebeu este nome em referência ao dia em que os jovens universitários partiram de São Paulo para Itararé, na fronteira com o Paraná.
Segundo historiadores, ainda que os revolucionários constitucionalistas tivessem sido vencidos, suas lutas tiveram consequências e, o desejo de haver uma nova Assembleia Constituinte, atendido.
As Ferrovias de Bauru
A história de Bauru se confunde com os tempos áureos das ferrovias tendo, durante anos, sua malha ferroviária reconhecida como uma das mais importantes quanto ao transporte de mercadorias como o café. Por unir tantas regiões, Bauru foi considerada como uma cidade de passagem, eixo de articulação entre as cidades.
O cruzamento de Estradas de Ferro na região transformou a cidade em um grande centro comercial, o qual motivou seu desenvolvimento econômico e social. Em 1905 chegou à cidade a Estrada de Ferro Sorocabana, a qual ligava Bauru a São Paulo e em pouco tempo a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil inaugurava seu primeiro trecho que conectava Bauru a Avaí e, em 1908, a linha foi prolongada para Corumbá, região de Mato Grosso do Sul rumo às fronteiras da Bolívia e Paraguai.
Mais tarde, a Companhia Paulista de Estrada de Ferro se instalavam na cidade, fazendo de Bauru abrigo de um dos maiores entroncamentos ferroviários do interior do Estado.
A importância de Bauru no contexto históricos ferroviário se deu pelo encontro dessas ferrovias, colocando a cidade em contato com diversas regiões do Estado, o que na época era um privilégio apenas comparado à Capital.